Como se já não
bastasse a crescente onda de demissões que afeta vários setores da economia, a
classe empresarial portuária prepara uma nova investida contra os trabalhadores do segmento, em especial os que atuam no regime laboral avulso.
O bote
foi dado por ninguém menos que o presidente da Comissão Portos, Mauro Salgado,
que sob o manto da OIT 137 reivindica junto ao Governo Federal mudanças na
legislação, com o claro objetivo de extinguir a categoria. Sob o pretexto de
evitar um suposto aumento, na ordem de 30%, do contingente de profissionais que
tiram seu sustento através do tradicional método, o executivo solicitou a
intervenção do ministro da Secretaria de Portos, Edinho Araújo, em evento
realizado no último dia 25, no Rio de Janeiro.
O percentual, segundo Salgado,
decorre de levantamento feito pela Federação Nacional dos Operadores Portuários
Fenop.
Sentindo-se inteiramente à vontade perante uma plateia formada
exclusivamente por patrões, o executivo não titubeou em estender o pires e
pedir o apoio do titular da SEP para auxiliá-lo, em tese, a promover o
desemprego em massa nos portos brasileiros.
Nem mesmo o desaparecimento dos
18.000 TPAs dos bancos de dados dos órgãos gestores do País nos últimos 19
anos, ou, como queiram, de 1.000 avulsos/ano, foi suficiente para saciar a sede
da categoria empresarial.
Imperioso ressaltar que, dos 43.000 pais de família
registrados em 1995 pelo extinto GEMPO - Grupo Executivo para Modernização dos
Portos, através do Boletim de Atualização Portuário (BAP), restam cerca de
25.000 (dados de 2014), o que representa uma significativa redução de 41,86%.
Pouco para Mauro Salgado e sua Comissão Portos. Sabedor de que a reposição do material
humano por parte dos Ogmos é praticamente nula, com efeito, por determinação
dos próprios operadores portuários responsáveis pela manutenção das entidades,
o representante da Comissão Portos evidenciou sua impaciência e
descontentamento ao constatar que terá de aguardar pelos próximos 25 anos até a
absoluta e natural extinção da categoria avulsa.
Vale destacar que, em março de
2001, quando assumiu por completo a escalação dos trabalhadores locais, o Ogmo
de Santos registrava um quadro de 11.044 avulsos.
Diante do atual contingente
ativo de 3.800 homens, verificou-se no espaço de 14 anos uma redução de 65,60%,
o equivalente a 7.244 homens. 
Nada para Mauro Salgado e sua Comissão Portos,
porém muito para a classe laboral que, a todo e qualquer custo, deve fincar
bandeira em defesa da manutenção do labor portuário avulso, independentemente
da vinculação prevista no diploma legal. Equilíbrio e distribuição equitativa,
de postos de serviços e consequentes ganhos, é o que se impõe sobremaneira em
face de uma economia notadamente fragilizada.
Ao que tudo indica, o outrora
solícito, respeitoso, competente e acima de tudo notável executivo, não por
acaso ex-diretor de dois dos principais terminais portuários de Santos, Libra e
Santos Brasil, além de ex- -presidente do SOPESP, sindicato patronal,
transformou-se, ou foi transformado, em mero representante institucional. Sem
dúvida, um grande desperdício para o segmento portuário e o início de um triste
e melancólico fim de carreira que se dá ao melhor estilo Jarbas Passarinho,
autor da célebre e repugnante frase, por ocasião do Ato Institucional nº 5, de
1968, "Às favas, senhor presidente (no caso em tela, ministro de Portos),
neste momento, todos os escrúpulos de consciência".
Às favas, senhor ministro!
Guilherme do Amaral Távora Presidente do Sindogeesp
Fonte Jornal da Sindogeesp
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