14 de mar. de 2016

Estiva Portuguesa entrega Queixa a PSA

Queixa à PSA–Antuérpia Departamento RH – Sacha Denys CEO John Philips com referência à PSA-Sines/LABORSINES

Esta queixa refere-se à PSA-Sines/LABORSINES, empresas localizadas em Sines, Portugal.
 As violações são numerosas e os assuntos principais e factos que os suportam são listados abaixo: Segurança deficiente e seguimento de acidentes anteriores 
Em 2013, um estivador morreu depois de sofrer uma queda para dentro de um porão de carga, e a empresa ainda não completou a investigação para descobrir a causa do acidente. É crítico que incidentes fatais como este sejam rápida e efetivamente investigados, e todas as necessárias alterações sejam adotadas para evitar que ocorram fatalidades. 
Uma nova fatalidade ocorreu em Outubro de 2015 e, até à data, não houve qualquer indicação sobre as razões porque este acidente ocorreu. Uma segunda fatalidade em tão curto espaço de tempo é indicativa de um local de trabalho com deficientes condições de segurança e saúde, a falha em implementar sistemas seguros de trabalho para prevenir acidentes graves no local de trabalho é negligente. Liberdade de associação, assédio e ameaças de chefias superiores sobre trabalhadores.
 Quando a PSA se instalou em Sines, estabeleceu um sindicato “amarelo”, criado simplesmente para fragilizar os direitos dos trabalhadores e para se assegurar de que eles não podiam agir coletivamente para se defenderem. Em Julho de 2014, trabalhadores foram reunidos em grupo, interpelados por chefias superiores e ameaçados de que, se decidissem abandonar o “sindicato” criado pela empresa e escolhessem filiar-se no SETC-Sindicato dos Estivadores, se encontrariam em sérios problemas. 
Como consequência, em Outubro de 2014, a empresa seleccionou todos os Estivadores que tinham exercido o seu direito a filiarem-se no Sindicato da sua escolha, para realizarem um teste de drogas "aleatório", e forçou-os a fornecer amostras de urina. Em Junho de 2015, dois estivadores enfrentaram processos disciplinares por terem usado uma t-shirt do IDC. Esta é mais uma demonstração clara de assédio e perseguição por exercerem o seu direito de liberdade de expressão, pelo simples ato de vestirem uma t-shirt com um logotipo sindical. Esta é uma demonstração significativa por parte da empresa que está preparada para manipular e distorcer as suas regras e procedimentos a fim de perseguir e intimidar os trabalhadores. Exercer o seu direito de pertencer a um sindicato livre é um direito humano fundamental; interferência neste exercício é uma violação desses direitos e um enorme abuso por parte do poder patronal.
 Além disso, o uso da política de drogas e álcool da empresa para exercer pressão sobre os trabalhadores e para tentar influenciar a liberdade de escolha da adesão de um indivíduo a um sindicato é outra demonstração de abuso da gestão. Estes exemplos não são acções de uma minoria de gestão, são indicadores de uma enviesada cultura anti-sindical generalizada por toda a empresa local. 
O assédio e intimidação dos trabalhadores não são apenas tolerados, mas parecem ser claramente incentivados. 
Violação da Legislação Nacional Portuguesa 
De acordo com a legislação Portuguesa, o delegado sindical tem direito a sala ou escritório nas instalações da empresa, e também a ter acesso a um quadro de fixação de informações. Ao delegado sindical da empresa ainda não foi disponibilizada uma sala ou escritório para realizar o seu trabalho sindical, nem lhe foi fornecido acesso ao quadro informativo. O mesmo delegado sindical foi obrigado a trabalhar durante várias semanas em isolamento, das 00 às 08 horas, no controlo de uma portaria que se encontrava sempre fechada. Este comportamento da empresa é mais uma estratégia clara de assédio e intimidação ilegais. Posteriormente, após meses desta contínua intimidação por parte da empresa, o delegado sindical tem sido obrigado a trabalhar todos os dias nessas mesmas portarias, desta vez em turnos com operação, mas piorando as suas condições de trabalho ao ser colocado em contínuo no mesmo local de trabalho, um dos mais mal pagos e detentor das piores perspectivas de carreira, apesar de a empresa saber que o mesmo tem formação e experiência profissional em vários outros locais de trabalho e que, apesar de ser um dos trabalhadores mais experientes da Laborsines, é um dos mais mal pagos.
 Em Outubro de 2015, 55 trabalhadores da LABORSINES receberam uma carta da empresa afirmando que os seus contratos de trabalho iriam cessar; cada um dos trabalhadores estava empregado com um contrato temporário. A razão dada para a rescisão foi a de que os volumes de carga tinham diminuído cerca de 30%. No entanto, o que os volumes mostram é que houve, de fato, um aumento no mês anterior de cerca de 30%. Não será por acaso que os 55 trabalhadores receberam a rescisão do contrato dias antes de atingirem 2 anos de trabalho. 
Em Novembro de 2015, outro grupo de 17 estivadores da LABORSINES viu o seu emprego cancelado, e as razões dadas foram as de que, ou se tinham recusado a trabalhar uma hora extra ou tinham questões "de adaptação". Não será também por acaso que, deste grupo seleccionado, 15 deveriam assinar contratos de trabalho permanentes no final desse mês. Recentemente, a 14 de Fevereiro, 14 trabalhadores nas mesmas condições foram afastados. Para justificar a cessação dos contratos desses trabalhadores, a empresa juntamente com o sindicato "amarelo", assinaram um acordo permitindo que as cessações ocorressem. O que está claro, dada a evidência disponível, é que nenhum sindicato livre concordaria com a rescisão de 55 trabalhadores e com a criação de mais emprego temporário. Além disso, existe a imagem clara de que os empregadores não estão apenas deliberadamente a criar emprego inseguro e precário, mas que pretendem também a redução dos salários dos trabalhadores para níveis de pobreza. Em 2006, os salários dos trabalhadores eram de cerca de 2.000€ por mês; hoje, o salário comum é de 519€ por mês. Não se trata de uma lista exaustiva dos incidentes que ocorreram, mas de exemplos da gestão diária da empresa e suas operações. A empresa demonstrou a sua incapacidade em garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável, sendo o porto um ambiente de trabalho em que as normas de saúde e segurança são questionáveis, ao ter uma taxa de acidentes fatais muito acima de qualquer valor que se poderia considerar normal. A empresa demonstrou disposição para usar o engano e a perseguição para influenciar as decisões dos trabalhadores, e em usar mentiras e manipulação para justificar a sua destruição sistemática do emprego seguro, das condições de trabalho, e o seu desrespeito deliberado pelo impacto social das suas acções sobre os trabalhadores, as suas famílias e a comunidade local, que não pode ser subestimada. Portanto, nós confiamos que a PSA-Antuérpia fará investigações abrangentes e sérias sobre estas violações intencionais e graves e que vai desencadear todas as acções necessárias para garantir que exercem a sua máxima influência sobre esta situação.
Convidamos a PSA/LABORSINES a responder a estas questões e a fornecer explicações.
 É nossa esperança que tal instigará as mudanças necessárias que possam garantir que o porto de Sines é operado de forma moderna e profissional, no respeito pelos direitos dos seus trabalhadores
Antuérpia, 09 de Março de 2016 
Anthony Tétard Jordi Aragunde 
Coordenador IDCE Coordenador Geral do IDC
Fonte e imagem  o Estivador 

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