Uma data cujo significado é relembrar o passado para
mudar o presente, um momento em memória
daqueles que perderam suas vidas vítimas da sede pelo lucro dos empresários.
Por
isso 28 de abril, Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidente de Trabalho, se
realiza o II Seminário Unificado sobre Segurança e Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora da Baixada Santista.
Ocorreu , na sede do Sindipetro-LP, em Santos, a atividade foi parte da
programação Abril Verde da Fundacentro em parceria com o
Sindipetro, Sindminérios, Sindicato dos Metalúrgicos, Portuários ,
Estivadores , Bancários,Cerest, SEVREST, CIST e Ministério do Trabalho.
O Brasil ocupa o vergonhoso quarto lugar mundial de acidentes de trabalho. Aqui, é registrada uma morte a cada 3,5 horas de uma jornada de trabalho, com investimento de 14 bilhões de reais por conta dos acidentes.
Um dos problemas apontados é a subnotificação de
acidentes. Na Baixada Santista, entre 2011 e 2013 o Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (SINAN) registrou 407 acidentes de trabalho graves, com
82 mortes, a maioria homens entre 20 e 34 anos. Em relação às mulheres, são
elas as principais vítimas de afastamentos por doenças ocupacionais.
Entretanto, quando esses números são confrontados com aqueles registrados pelo
INSS demonstram ser muito inferiores à realidade.
A
cerimonia da Vela
Em 28 de abril de 1996, a Confederação
Internacional de Organizações Sindicais Livres (CIOLS) ascendeu pela primeira
vez um memorial de Vela & Incenso na Organização das Nações Unidas para a
comemoração do Dia 1º de Maio para realçar o compromisso dos trabalhadores
contra as formas insustentáveis de produção.
A vela é usada como símbolo da vida em
transformação. O pavio retrata a fina linha do tempo nas nossas vidas. O
sofrimento, a dor e a morte. A queima da vela é associada com o impacto na vida
das vítimas de acidentes e a rejeição às formas insustentáveis de trabalho. Da
chama do 28 de abril surge o símbolo de tornar cinzas estes acontecimentos e
fortalecer a prevenção de acidentes e doenças do trabalho.
Palestras
. O que fazer após sofrer um acidente de trabalho
ou adoecer pelo trabalho? Maria Salete dos Santos, Assistente
Social, e Mauro Abrrão Rozman, médico, trabalham há mais de 20 anos no
Sindicato diretamente com trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho e
doenças ocupacionais.
A experiência compartilhada por eles foi fundamental para compreender a necessidade de que todos os sindicatos devem fortalecer os seus departamentos para garantir aos trabalhadores um importante ponto de apoio. Segundo Salete, ele é baseado em um tripé formado por três verbos: acolher, compreender e orientar.
A experiência compartilhada por eles foi fundamental para compreender a necessidade de que todos os sindicatos devem fortalecer os seus departamentos para garantir aos trabalhadores um importante ponto de apoio. Segundo Salete, ele é baseado em um tripé formado por três verbos: acolher, compreender e orientar.
Mauro aproveitou a atividade para reivindicar o resgate
de ações articuladas entre as entidades sindicais e os órgãos públicos
responsáveis por dar apoio às vítimas de acidente de trabalho. Em sua opinião,
a fragmentação e as ações individuais limitam a capacidade de medidas mais
efetivas na prevenção à saúde dos trabalhadores.
“O que percebemos no sindicato é que a maioria dos
trabalhadores não sabe o que fazer, ficam perdidos, com medo de perder emprego,
e não sabe se deve e quando deve recorrer ao sindicato, ao Cerest ou
Fundacentro,”, explicou Mauro.
Saúde do
trabalhador no trabalho noturno
Com a professora da Unifesp Fátima Queiroz que esboçou um panorama para ela, este tipo de regime é marcado pela maximização unilateral de ganho em detrimento das condições humanas, sendo uma proposta neoliberal para impor a intensificação e precarização do trabalho.
Com a professora da Unifesp Fátima Queiroz que esboçou um panorama para ela, este tipo de regime é marcado pela maximização unilateral de ganho em detrimento das condições humanas, sendo uma proposta neoliberal para impor a intensificação e precarização do trabalho.
Em relação aos efeitos à saúde, uma das principais marcas
é a desordem temporal do organismo, ou seja, nosso corpo não consegue aceitar e
nem se adaptar plenamente a essa mudança na rotina biológica e social. O
trabalhador dorme menos e pior durante o dia e o organismo não entende,
considera essa realidade estranha. Isso gera mal estar, fadiga, sonolência,
irritabilidade, prejuízo de agilidade mental, prejudicando de forma muito
intensa o sono diurno que é caracterizado por condições ambientais
desfavoráveis como iluminação, ruídos e acontecimentos domésticos.
E preciso refletir
sobre a forma como se estabelece esses regimes de trabalho. Hoje, o que impera
nesses regimes de trabalho é a definição arbitrária por parte do empregador,
sempre privilegiando como critério hierarquizador o lucro.
A última palestra com o tema do Assédio Moral no trabalho com a professora Laura Camara Lima, da Unifesp. “O viver junto, a produção e construção coletiva foram e estão sendo cada vez mais substituídas pela individualidade, pela competição, pela concentração de conhecimento. E isso é parte do neoliberalismo”.
A última palestra com o tema do Assédio Moral no trabalho com a professora Laura Camara Lima, da Unifesp. “O viver junto, a produção e construção coletiva foram e estão sendo cada vez mais substituídas pela individualidade, pela competição, pela concentração de conhecimento. E isso é parte do neoliberalismo”.
Um dos efeitos
mais perversos do assédio é a eliminação da dignidade e o estímulo à
individualidade. Se tem trabalhador assediado, estressado, vivendo sob uma
concorrência desumana e sob pressão grande, a chance de errar é muito alta
e muitas vezes pode gerar um acidente de trabalho. Inclusive, fatal. Além
disso, acidente de trabalho não é apenas aquele físico, visível aos olhos.
Por isso, assédio moral tem tudo a ver com acidente de trabalho. As doenças
mentais são as que, infelizmente, mais crescem e tiram as pessoas do trabalho.
Com tantos assédios, um resultado concreto tem sido a
judicialização desses conflitos entre chefes e subordinados. Para Laura, isso reflete
a incapacidade das empresas em lidar com esses casos. E mais: a prova de que as
empresas não aceitam a luta dos trabalhadores por seus direitos, pela
dignidade, pela organização coletiva.
Em todas as intervenções, um grande consenso foi a
constatação de que os problemas não se restringem ao passado. Ficando nítido que a vida do trabalhador continua
muito difícil quando o assunto é segurança. E, infelizmente, o próprio
seminário demonstrou ser uma realidade que se alastra entre os trabalhadores. O
desrespeito a vida em busca do lucro .
Imagen Fatima Queiroz
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