29 de abr. de 2016

II Seminário Unificado sobre Segurança e Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da BS.


Uma data cujo significado é relembrar o passado para mudar o presente, um momento  em memória daqueles que perderam suas vidas vítimas da sede pelo lucro dos empresários. 
Por isso 28 de abril, Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidente de Trabalho, se realiza o II Seminário Unificado sobre Segurança e Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da Baixada Santista.
Ocorreu , na sede do Sindipetro-LP, em Santos, a atividade foi parte da programação Abril Verde da Fundacentro em parceria com o Sindipetro, Sindminérios, Sindicato dos Metalúrgicos, Portuários , Estivadores , Bancários,Cerest, SEVREST, CIST e Ministério do Trabalho.

O Brasil ocupa o vergonhoso quarto lugar mundial de acidentes de trabalho. Aqui, é registrada uma morte a cada 3,5 horas de uma jornada de trabalho, com investimento de 14 bilhões de reais por conta dos acidentes.
Um dos problemas apontados é a subnotificação de acidentes. Na Baixada Santista, entre 2011 e 2013 o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) registrou 407 acidentes de trabalho graves, com 82 mortes, a maioria homens entre 20 e 34 anos. Em relação às mulheres, são elas as principais vítimas de afastamentos por doenças ocupacionais. Entretanto, quando esses números são confrontados com aqueles registrados pelo INSS demonstram ser muito inferiores à realidade.

A cerimonia da Vela 
Em 28 de abril de 1996, a Confederação Internacional de Organizações Sindicais Livres (CIOLS) ascendeu pela primeira vez um memorial de Vela & Incenso na Organização das Nações Unidas para a comemoração do Dia 1º de Maio para realçar o compromisso dos trabalhadores contra as formas insustentáveis de produção.
A vela é usada como símbolo da vida em transformação. O pavio retrata a fina linha do tempo nas nossas vidas. O sofrimento, a dor e a morte. A queima da vela é associada com o impacto na vida das vítimas de acidentes e a rejeição às formas insustentáveis de trabalho. Da chama do 28 de abril surge o símbolo de tornar cinzas estes acontecimentos e fortalecer a prevenção de acidentes e doenças do trabalho.
Palestras
. O que fazer após sofrer um acidente de trabalho ou adoecer pelo trabalho? Maria Salete dos Santos, Assistente Social, e Mauro Abrrão Rozman, médico, trabalham há mais de 20 anos no Sindicato diretamente com trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais.

A experiência compartilhada por eles foi fundamental para compreender a necessidade de que todos os sindicatos devem fortalecer  os seus departamentos para garantir aos trabalhadores um importante ponto de apoio. Segundo Salete, ele é baseado em um tripé formado por três verbos: acolher, compreender e orientar.
Mauro aproveitou a atividade para reivindicar o resgate de ações articuladas entre as entidades sindicais e os órgãos públicos responsáveis por dar apoio às vítimas de acidente de trabalho. Em sua opinião, a fragmentação e as ações individuais limitam a capacidade de medidas mais efetivas na prevenção à saúde dos trabalhadores.
“O que percebemos no sindicato é que a maioria dos trabalhadores não sabe o que fazer, ficam perdidos, com medo de perder emprego, e não sabe se deve e quando deve recorrer ao sindicato, ao Cerest ou Fundacentro,”, explicou Mauro.

Saúde do trabalhador no trabalho noturno
Com a professora da Unifesp Fátima Queiroz que esboçou  um panorama para ela, este tipo de regime é marcado pela maximização unilateral de ganho em detrimento das condições humanas, sendo uma proposta neoliberal para impor a intensificação e precarização do trabalho.
Em relação aos efeitos à saúde, uma das principais marcas é a desordem temporal do organismo, ou seja, nosso corpo não consegue aceitar e nem se adaptar plenamente a essa mudança na rotina biológica e social. O trabalhador dorme menos e pior durante o dia e o organismo não entende, considera essa realidade estranha. Isso gera mal estar, fadiga, sonolência, irritabilidade, prejuízo de agilidade mental, prejudicando de forma muito intensa o sono diurno que é caracterizado por condições ambientais desfavoráveis como iluminação, ruídos e acontecimentos domésticos.
E  preciso refletir sobre a forma como se estabelece esses regimes de trabalho. Hoje, o que impera nesses regimes de trabalho é a definição arbitrária por parte do empregador, sempre privilegiando como critério hierarquizador o lucro.

A última palestra com o tema do Assédio Moral no trabalho com a professora  Laura Camara Lima, da Unifesp. “O viver junto, a produção e construção coletiva foram e estão sendo cada vez mais substituídas pela individualidade, pela competição, pela concentração de conhecimento. E isso é parte do neoliberalismo”.
 Um dos efeitos mais perversos do assédio é a eliminação da dignidade e o estímulo à individualidade. Se tem trabalhador assediado, estressado, vivendo sob uma concorrência desumana e sob pressão grande, a chance de errar é muito alta e muitas vezes pode gerar um acidente de trabalho. Inclusive, fatal. Além disso, acidente de trabalho não é apenas aquele físico, visível aos olhos. Por isso, assédio moral tem tudo a ver com acidente de trabalho. As doenças mentais são as que, infelizmente, mais crescem e tiram as pessoas do trabalho.
Com tantos assédios, um resultado concreto tem sido a judicialização desses conflitos entre chefes e subordinados. Para Laura, isso reflete a incapacidade das empresas em lidar com esses casos. E mais: a prova de que as empresas não aceitam a luta dos trabalhadores por seus direitos, pela dignidade, pela organização coletiva. 

Em todas as intervenções, um grande consenso foi a constatação de que os problemas não se restringem ao passado. Ficando  nítido que a vida do trabalhador continua muito difícil quando o assunto é segurança. E, infelizmente, o próprio seminário demonstrou ser uma realidade que se alastra entre os trabalhadores. O desrespeito a vida em busca do lucro .
Imagen Fatima Queiroz

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