“A globalização depende absolutamente da livre circulação do comércio
e este processa-se em larga escala por mar” (Correia, 2010, p. 152).
O processo de globalização econômica levou os Portos a terem de se adaptar às novas condições e, neste sentido, pode considera-se terem existido três fases.
A primeira fase foi dominada pelo Reino Unido, que apresentava,
em meados de 1914, um crescimento econômico sustentável estimulado pelo uso da
manufatura e pelo desenvolvimento das tecnologias do transporte . As semelhanças perante a atual fase de globalização prendem-se com os níveis
de fluxos financeiros globais. Por sua vez, a grande diferença está na liberalização do
comércio, que foi menos avançada do que realmente se assumiu, e estava somente limitada
à Europa.
A segunda fase começou após o fim da Segunda Guerra Mundial
e terminou com a crise financeira de 1973. O “pico” deu-se com a criação das instituições
de Bretton Woods e com o aumento da procura global, ajudado pelo Plano Marshall.
Durante este período, os fluxos comerciais aumentaram e uma das características a
sublinhar foi a mudança no modelo e na estrutura dos negócios praticados, tornando-se o
comércio “parte integrante do próprio processo de produção” (Straw & Glennie, 2012).
Esta fase é marcada por uma transformação económica impressionante, começando os
níveis de pobreza a descer e as desigualdades sociais a desaparecer, nomeadamente nos
Estados Unidos , Reino Unido e Canadá. Porém, em meados de 1970, o sistema
de Bretton Woods decaiu e decorreram os choques petrolíferos. Tais condições conduziram
ao surgimento da “Chicago School”, que propôs soluções para estes problemas, que
passavam por programas de liberalização, desregulamentação e privatização para impulsionar o crescimento, e que vieram a dominar as políticas económicas,
predominantemente as do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial (Straw &
Glennie, 2012).
Após a II Guerra Mundial, as economias caraterizavam-se por um elevado grau de
protecionismo “dentro de fronteiras, muito intervencionadas e subsidiadas pelos estados”
(Sousa, 2012, p. 16), estando, desta forma, preservadas da concorrência interna e externa.
Por força do cenário pós conflito, os países consideravam decisivo ser autossuficiente
relativamente a um conjunto de bens e serviços julgados estratégicos.
A atual fase de Globalização está definida para aprofundar ainda mais os níveis
crescentes de interdependência e de exposição ao risco que caracterizaram os mercados
financeiros internacionais ao longo do último quarto de século (Straw & Glennie, 2012).
Ao longo das décadas de 1960 e 1970 as consequências da globalização vieram
alterar esta realidade de forma radical. O crescimento pela busca por maiores lucros fez com que as empresas buscarem medidas de maior
relevância para redução dos custos
fixos através da externalização de atividades situadas fora do seu núcleo de negócio, tal
como o transporte e o armazenamento de mercadorias.
A globalização veio mudar o interface dos Portos, do tradicional Porto de ligação
entre a terra e o mar, para Portos intermodais. Para além dos vários tipos de acessos
marítimos e terrestres, equipamento e mão de obra, as novas tecnologias permitiram uma
plataforma logística mais desenvolvida.
O crescimento da população mundial ao longo do tempo implicou um aumento
drástico da quantidade de mercadorias movimentadas no mar.
Como refere Correia (2010)
cerca de “90% do comércio mundial e dois terços do petróleo são transportados pela via
marítima” (Correia, 2010, p. 144).
Perante a fraca concorrência, as empresas não eram exigentes com as suas cadeias de
abastecimento, uma vez que podiam suportar elevados custos fixos relacionados , as infraestruturas portuárias , responsáveis pela ligação do modo de
transporte marítimo com os transporte terrestres, limitavam-se a oferecer os
serviços essenciais aos navios e à respetiva carga. Isto acontecia numa “ótica de serviço
público estratégico do domínio da segurança e defesa, e como tal de exercício exclusivo do
Estado” (Sousa, 2012, p. 17).
Esta nova panorâmica levou os
Portos, a confrontarem-se com novos desafios, tornaram-se condicionantes
essenciais para a envolvente económica e social, sendo administrados segundo novos
modelos de gestão, através dos quais o investimento e interesse públicos se articulam com
o investimento e interesse privados.
Uma vez apresentado o tema de introdução sobre a vaga da globalização, aprofundarse-á
o tema mais significativo do trabalho que é a evolução dos Portos desde a sua
formação.
“O termo – Porto – vem do latim «portus» que significa porta ou saída” .
A principal função dos Portos começou por ser a de servir os navios, estando
normalmente localizados em lugares de fácil acesso, onde as águas fossem navegáveis,
tendo esta função evoluído ao longo do tempo ou são um ponto de convergência tanto para cargas e passageiros, como entre a terra e
o mar.
A Revolução Industrial, que teve início no século XVIII, na Inglaterra, originou “um
aumento da procura de matérias-primas, da necessidade de importação de combustíveis e
de exportação de manufaturados dando um grande impulso aos transportes
marítimos e a outros meios de transporte. Com efeito, notou-se
uma grande evolução nas “tecnologias dos transportes.
Sendo o carvão o combustível dos navios a vapor, era necessário ter em conta não só
a quantidade de mercadorias que se transportava, mas também o carvão necessário a bordo.
Isto implicava várias escalas, potenciando a concorrência entre os Portos.
A substituição da madeira por aço na construção dos navios permitiu aumentar as
suas dimensões, que por sua vez possibilitou o transporte de maiores volumes de carga.
Consequentemente, os Portos tiveram necessidade de se adaptar a estes novos navios e à
movimentação de uma maior quantidade de mercadorias (Sousa, 2004).
O crescimento do tráfego marítimo foi de tal maneira colossal, que os Portos fizeram-se obras,
como de “aprofundamento dos canais e a construção de novas pontos de atracação, que
conseguiram responder às necessidades, molhes e de docas
especializadas”
O desenvolvimento portuário - o Pós II Guerra Mundial
Após a II Guerra Mundial deu-se uma grande transformação da estrutura dos Portos,
bem como o crescimento do transporte marítimo,o rápido desenvolvimento levou à criação da Autoridade
Portuária no século XX, partindo do pressuposto de que uma só entidade teria uma gestão
mais eficiente do que cada terminal ter a sua gestão individualizada.
Nesta fase é notória a tendência para a unitização da carga principalmente através do
conteiner, alterando radicalmente a técnica de transporte de mercadorias, promovendo a
movimentação mecânica de cargas .
No decorrer do século XX, houve “profundas alterações nas frotas”, sendo
necessário responder a estas mudanças. As soluções encontradas passaram pela
organização dos transportes e da evolução tecnológica acordos entre as companhias de navegação, dimensão do navio;adaptação as novas técnicas de movimentação de mercadorias;
o A utilização das cargas - o fenômeno da conteinerização; a definição dos hubs ports e o desenvolvimento da estrutura portuária” .
Este processo originou a relocalização de alguns Portos, em consequência destes se
encontrarem no interior das cidades e não terem espaço para se expandirem, transferindo,
deste modo, as atividades portuárias para zonas de melhor acesso marítimo e terrestre,
proporcionando, assim, o crescimento da integração intermodal .
Esta realidade originou Portos com
máquinas e novos terminais especializados de conteineres, levando a gestão portuária
pública a iniciar um processo de concessão desses terminais à iniciativa privada,
recorrendo criando o modelo do landlord port .
Os Portos como centros de desenvolvimento e pontos de
encontro entre os diversos meios de comunicação,facilita a instalação de zonas industriais e de plataformas logísticas.
Deste modo, os Portos instalam-se nestas áreas onde existem grandes aglomerados
populacionais, levando ao aparecimento de indústrias , transformaram-se em importantes núcleos económicos e
de emprego, fomentando o desenvolvimento local e regional ,contudo, para o desenvolvimento portuário ser notável são necessárias, por um lado,
obras que facilitem as transações lá realizadas, aproveitando para desenvolver a indústria .
As transformações da funcionalidade dos Portos e ao nível tecnológico têm tido um
impacto colossal nos Portos, transformando-os não só num local de troca de mercadorias e
passageiros, mas em centros logísticos de distribuição e serviços. Ou seja, passam a ter
“novas funções de logística que têm impacto no desenvolvimento da cidade .
Os Portos podem ser classificados em três gerações, baseando-se na:
o “Política de desenvolvimento portuário, estratégia e atitude;
o Extensão e alcance das atividades portuárias;
o Integração das atividades e organizações portuárias” (UNCTAD, 1992, p. 13).
Estatística Portuária – Impacto na gestão dos
Portos
Rafaela Marçal Teixeira
Interessante
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