A três pontos cruciais para diferenciar entre
a nova ou velha geração, sendo eles a política, a estratégia e a atitude. Até 1960, os Portos
eram meros pontos de ligação entre a terra e o mar, condicionado nas atividades portuárias, sendo as funções operações de carga e descarga .
Nesta fase, a Gestão Portuária ainda está restringida devido ao modo de pensar,
traduzindo-se no condicionamento da tomada de decisão ao nível do governo, município e
empresas, estando, de certa forma, a favorecer políticas conservadoras (UNCTAD, 1992).
O documento da UNCTAD (1992) menciona três grandes aspetos de isolamento da
organização portuária:
o Isolamento do Porto para com o transporte e atividades comerciais: em situações de
monopólio os Portos não se preocupam com os utilizadores. Normalmente têm um
sistema próprio de informação, estatística e documentação. Isolamento em relação ao município circundante: o Porto considera-se um “reino
independente” (UNCTAD, 1992, p. 13).
Comparando com outras unidades locais,
tem fortes atividades económicas e, normalmente, são as únicas eficientes para
serem independentes. Isolamento das atividades e companhias portuárias: a nível comercial as diferentes
atividades são realizadas em conjunto, mas tomam as decisões independentemente
de como as outras organizações reagem. Neste tipo de isolamento, a produtividade
é baixa e a movimentação da carga é lenta, estando os utilizadores, obviamente,
mais identificados com o funcionamento dos outros setores (UNCTAD, 1992).
De modo a complementar e inovar a primeira geração, foram criados os Portos de
segunda geração, que possuem características diferentes.
1.3.2. A segunda geração de Portos
Nos Portos de Segunda Geração os governos, autoridades portuárias e fornecedores
de serviços portuários possuem um conhecimento profundo sobre as funções de um Porto.
O Porto é considerado um centro de serviços de transporte, industrial e comercial, sendo
capazes de empreender e oferecer este tipo de serviços (UNCTAD, 1992).
As atividades subdividem-se em serviços comerciais e serviços industriais tendo por objetivo tratar da carga exportada. Deste modo, deixa de existir um Porto somente como centro de transporte, passando
a agregar as funções de centro industrial e comercial.
O seu aparecimento remonta aos
anos cinquenta, essencialmente impulsionado pelo “aumento da quantidade de materiais
importados para os países industriais” (UNCTAD, 1992, p. 14).
O Porto passa assim a ter uma “relação de proximidade com as transportadoras e
com os parceiros comerciais que construíram armazéns na zona portuária” (UNCTAD,
1992, p. 14). A relação
com o município que, face a esta evolução, também progride devido ao fato de existir
dependência de terra, energia, água, mão de obra e da rede de transportes.
A Terceira Geração de Portos surgiu em 1980 devido ao aumento em grande escala,
a nível internacional, dos conteineres e da intermodalidade , procurando responder às
necessidades do comércio internacional. O Relatório da UNCTAD (1992) expõe vários
pontos em que os Portos de Terceira Geração são especializados e integrados,Os Serviços Tradicionais de um Porto, tais como a logística e distribuição, são
fornecidos a utilizadores do Porto. Os serviços referidos são “realizados por equipamentos
modernos e a gestão tecnológica é controlada por informações eletrónicas” (UNCTAD,
1992, p. 15).
As atividades portuárias que envolvem serviços de navegação, movimentação
de carga, armazenamento e outro serviços estão diretamente ligados à organização
e à gestão portuária moderna, considerada altamente eficiente.
Os Serviços Industriais/Ambientais, aludidos no Relatório da UNCTAD (1992), são
de dois tipos:
o Relacionados com o serviço industrial/técnico: incluem indústrias de reparação de
navios, engenharia e serviços técnicos. Este tipo de serviços é fundamental para o
marketing de um Porto, assegurando a alta produtividade e a construção de uma
reputação, reduzindo os riscos técnicos e comerciais.
o Relacionados com a carga: o objetivo do Porto é fornecer indústrias de carga ou
permitir o estabelecimento de outras indústrias.
De modo a facilitar o processo de exportação, alguns países optaram por estabelecer
as zonas de exportação dentro do próprio Porto ou nas zonas que o rodeiam. Deste modo,
“o serviço industrial contribui para o valor acrescentado à carga” (UNCTAD, 1992, p. 15).
A eficiência do Porto depende da complexidade da documentação que exige e do seu
horário de trabalho. A documentação alude para a simplicidade, para a compatibilidade
com o comércio e com o transporte e para um sistema informatizado. O horário de trabalho
mostra que os Portos já não podem trabalhar somente nos dias em que faz bom tempo e
unicamente durante a semana, seis horas por dia. Como é mencionado no Relatório da
UNCTAD (1992), “o transporte marítimo é agora calculado à hora, sendo que o tempo
despendido no cais custa ao dono do navio, ao dono da carga e ao
próprio Porto” (UNCTAD, 1992, p. 16).
Porém, o serviço comercial é tradicional.
Outrora o comércio baseava-se na pesca e
nas mercadorias. Presentemente, estas atividades foram reforçadas por causa das
preocupações logísticas.
Assim, os “Portos podem fornecer ou disponibilizar todos os
requisitos comerciais necessários para os utilizadores diretos e indiretos” (UNCTAD,
1992, p. 16).
A última subcategoria são os Serviços de Logística/Distribuição.
A logística
incorpora características do convencional, industrial, ambiental, administrativo e das
atividades comerciais. Com isto, sobreveio uma nova atividade logística denominada por
distribuição, que é diferente do armazenamento. A primeira tem uma função de logística na cadeia de transporte e é indispensável, o armazenamento é um elemento isolado de
transporte, produção e atividade de consumo.
No que toca à Política de Desenvolvimento Portuário, Estratégia e Atitude, a forma
de gerir e desenvolver um Porto passa pelos decisores políticos, gestores e trabalhadores.
O modo de gestão passou da simples oferta de armazéns e serviços, para um
envolvimento total no processo de comércio internacional. Consequentemente, notou-se
um maior fluxo de carga e uma maior rapidez (UNCTAD, 1992). Assim, os Portos
transformam-se em centros de transporte integrados e em plataformas logísticas para o
comércio internacional.
Estatística Portuária – Impacto na gestão dos
Portos
.Rafaela Marçal Teixeira
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