22 de set. de 2017

O ofício do guincheiro

 Atualmente há um total de 205 guincheiros habilitados a atuarem nos portos capixabas29. Eles são o elo entre o navio e o cais propondo-se a realizar o carregamento ou descarregamento dos navios com a utilização de aparelhos de guindar30 de bordo ou similar. Destaca-se que o trabalho do guincheiro difere-se do guindasteiro, trabalhador da capatazia habilitado a operar os aparelhos de guindaste de terra. É importante demarcar essa diferenciação, pois o guindaste de bordo possui uma superfície móvel e flutuante, o que denota o caráter peculiar de sua atividade, se comparada aos operadores de guindaste fixados em terra. Enquanto o guindasteiro “sabe que o guindaste vai ficar parado”, o guincheiro tem que atentar-se ao movimento do navio durante a operação, devido às interferências climáticas e, principalmente, “se o mar ficar agitado” (Guincheiro I).
 Ao recorremos ao manual de “Definição e Padronização nas Atividades de Estiva”, produzido pelo SETEMEES (2002) percebemos alguns apontamentos genéricos no que tange ao trabalho do guincheiro, como: primar sempre pela segurança e qualidade da operação; trabalhar com velocidade compatível e de forma segura; atentar-se a preservação da vida de todos os trabalhadores do terno; inspecionar as condições dos equipamentos e; verificar se há irregularidades com os equipamentos, no qual se pode efetuar a recusa da operação e acionar a quem for de direito. É notória, nas prescrições e nas falas dos trabalhadores, a preocupação com a segurança de todos os envolvidos nas operações, reflexo de um intenso debate acerca da segurança e saúde no trabalho portuário promovido nos debates e discussões que resultaram na elaboração da Norma Reguladora 29.

 Já o Acordo Coletivo de Trabalho (PORTOCEL; SINDICATOS; SINDIOPES, 2014), referente ao triênio 2014/2016, aponta como competências prescritas do trabalho do guincheiro atender às instruções fornecidas pelo Contramestre de Porão; zelar pela integridade da carga, bem como pela qualidade do processo de estivagem; zelar pelos aparelhos de guindar de bordo de forma a garantir seu bom funcionamento; zelar pela segurança dos trabalhadores envolvidos na operação e; cuidar para que se obtenha um bom nível de produtividade. 
No que tange aos equipamentos utilizados pelos guincheiros, estes podem variar de acordo com o tipo de navio e de carga a ser movimentada de forma que seu funcionamento visa realizar a suspensão e a movimentação da carga entre o cais e a embarcação, ou vice-versa, por meio de cabos de suspensão. Dentre os aparelhos de guindar têm-se definido no MTPE: o pau-de-carga e a cábrea. O pau-de-carga é [...] um tipo de aparelho de movimentação de peso que consiste numa verga (lança) que posiciona a carga suspensa por cabos. Normalmente é fixada ao mastro e postada junto à escotilha (abertura do porão). O pau-de-carga completo é constituído de aparelhos de acionamento, de lingada e guincho (fixado numa mesa de operação no convés, em que é operado pelo guincheiro). Cábrea: tipo de pau-de-carga com grande capacidade de carga. Denomina também os guindastes flutuantes (BRASIL, 2001, p. 22). 
Além desses, há diferentes modelos de guindastes, como os de motores elétricos ou hidráulicos, os simples ou os combinados31, e a ponte rolante, outro tipo de aparelho situado a bordo do navio que tem a mesma finalidade: realizar a movimentação das cargas. Devido a essas variedades é necessário que o guincheiro conheça os padrões de funcionamento de cada um deles e suas particularidades. Assim, para lidar com tais equipamentos os guincheiros passam por um treinamento que apreende o saber técnico e os modos operatórios dos guindastes de bordo, os objetivos que se deve alcançar durante a operação e percurso a ser seguido.

 29 Dos 205 guincheiros, 189 estão registrados na categoria da estiva e 16 são trabalhadores multifuncionais. Para exercer uma função especializada, como a de guincheiro, é necessário o TPA possuir registro na categoria a qual comporta a função, no caso em questão, a categoria da estiva. No entanto, com a multifuncionalidade, o trabalhador pode exercer qualquer função das categorias de avulso, desde que habilitados para tal. O trabalhador pertencente à outra categoria dos avulsos que queira adquirir habilitação para a função de operador de guindaste de bordo poderá fazer o curso de treinamento desde que haja vaga, pois, a preferência é dada aos trabalhadores da estiva. 30 Como são chamados todos os “equipamentos que suspendem a carga, por meio de cabos, entre o cais e o navio: guindastes, paus-de-carga, cábreas ou portainers” (BRASIL, 2001, p. 22). 

Fonte 
OFÍCIO DE GUINCHEIRO: ANÁLISE DA ATIVIDADE DOS OPERADORES DE GUINDASTE DE BORDO NO COMPLEXO PORTUÁRIO DO ESPÍRITO SANTO - GUSTAVO ROBERTO DA SILVA

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