10 de mar. de 2020

Explode na muralha do Tejo

Os estivadores de Lisboa iniciaram nesta segunda-feira um movimento social contra a precariedade que se prolongara até 30 de março face ao pedido de insolvência da empresa de gerenciamento de mão-de-obra, de Trabalho Portuário de Lisboa (A-ETPL), OGMO de Lisboa.

A operação tartaruga foi o primeiro passo, o segundo foi a cruzada de braço, atos trabalhistas em resposta ao impasse nas negociações com a A-ETPL e da decisão da direção dela em pedir  falência, deixando sob a ameaça de desemprego cerca de 140 estivadores.

A união, fás a força em resposta os de mais  estivadores da Porlis, outra empresa de  mão-de-obra para o trabalho portuário, ligada ao Grupo Yilport, também aderiram ao movimento social, tornando a muralha terra fantasma.

Assim claro os estivadores cumprem os serviços mínimos na movimentação de cargas para os arquipélagos da Madeira e dos Açores, apesar de não ter havido acordo com os empregadores.
Em Setúbal a greve restringe-se à prestação do trabalho aos navios ou cargas que tenham sido desviadas do porto de Lisboa para Setúbal.

A solidariedade já atravessou a fronteira portuguesa, o International Dockworkers Council (IDC), que representa cerca de 140 mil estivadores em todo o mundo, já definiu respostas a tentativa de precarização dos empresários de lisboa.
A Coordinadora Estatal de Trabajadores del Mar (Espanha) foi a primeira organização de estivadores a declarar, que não vai operar navios desviados para portos espanhóis devido à greve na muralha de Lisboa.

O que preocupa as famílias dos estivadores portugueses, e a cara de paisagem do governo sobre a tentativa de saque a dignidade portuguesa no Porto de Lisboa. Um Governo socialista com procedimento e postura neoliberal, num moonwalk ,cúmplice da atividade empresarial. Onde os homens de gravata, continuam a acompanhar o que se passa na muralha a cada minuto mais distante dela.

O caos criado no porto de Lisboa e a primeira peça do tabuleiro e no efeito dominó está a atracar em todos os portos portugueses, esfaqueiam os estivadores a cada mês que pagam a prestação o salario do trabalhador e novamente ao decidir pela insolvência da A-ETPL , como as sete empresas de estiva do grupo turco Yilport  e não apenas a Liscont, Sotagus, Multiterminal e a Terminal Multiusos do Beato, que subscreveram uma proposta de redução salarial de 15% e o fim das progressões de carreira automáticas , numa nova estocada .

Nesta agressão, mas  uma pulada, a Porlis, anunciou o recrutamento de 30 estivadores para furar a greve na muralha

As empresas de estiva colocaram a A-ETPL à beira da insolvência através de um processo de gestão danosa. E o tarifário aplicado pela A-ETPL às empresas de estiva, pela cedência de estivadores para a movimentação de cargas, não é atualizado há 26 anos, período em houve uma inflação superior a 65%, o que torna o silencio do governo um escândalo .Caso de uma CPI ,importância de uma investigação aos motivos que conduziram ao pedido de falência, pois bastaria uma atualização das taxas em 5% para resolver o problema financeiro da A-ETPL, mas as empresas alegam que isso é incomportável.
E não parou por ai .
 80 ofertas de emprego num “despedimento coletivo encapotado”. 

A  Associação de Operadores do Porto de Lisboa (AOPL) em comunicado  adverte que, “caso os trabalhadores da empresa de trabalho portuário de Lisboa que se encontra insolvente (a A-ETPL) continuem a mostrar-se indisponíveis, serão obrigados a recorrer ao mercado”. 
O Grupo ETE convidou 14 trabalhadores para integrarem o quadro de pessoal de suas empresas e informou a disponibilidade para contratar mais 27 trabalhadores aquando da entrada em funcionamento da sua Empresa de Trabalho Portuário (ETP Prime).
O grupo TMB convidou quatro trabalhadores para o quadro de pessoal da sua empresa e cinco para integrarem e a outra empresa de trabalho portuário do Porto de Lisboa (Porlis), num total de nove trabalhadores.
O grupo Yilport convidou 30 trabalhadores para integrarem o quadro efetivo da empresa de trabalho portuário Porlis e salienta que todas as ofertas de emprego, da Porlis e da ETE Prime, tinham a garantia de pagamento dos salários em atraso, manutenção das condições remuneratórias, antiguidade e categoria profissional.

A generosidade contratual das empresas da AOPL tem como objetivo único em primeira fase conduzir da precariedade ao desemprego os estivadores de Lisboa e em segunda as demais muralhas portuguesas, com o sarcástico silêncio neoliberal de um governo Socialista.

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