31 de dez. de 2021

Quem deve pagar pela automação portuária

 

A International Longshoremen’s Association (ILA), tem uma mensagem para todas as companhias marítimas que pretendem usar navios contêineros autônomos não tripulados: "Fique longe de nossos portos." O sindicato dos estivadores da Costa Leste dos EUA e Canadá, Costa do Golfo, Grandes Lagos e Porto Rico está entrando em pé de guerra.

 Tem sido vinculado na imprensa que Noruega, Japão e China, preparam-se para lançar navios totalmente autopilotados, capazes de chegar ao destino graças à orientação de satélites e sensores a bordo.

 A Asko, assinou um acordo com a norueguesa Kongsberg Maritime and Massterly, uma joint venture da Kongsberg Wilhelmsen, para transferir as mercadorias do modal rodoviário  para o maritimo. Os dois navios serão elétricos e automatizados. Na rota marítima entre Dongjiakou e Qingdao, o AV Zhi Fei, colocou um navio de 300 TEU  desenvolvido pela Navigation Brilliance Technology em colaboração com a Dalian Maritime University e o China Waterborne Transport Research Institute.

 O ponto da discórdia: "Trabalhadores em todo o mundo são atacados pela ameaça de automação de empresas gananciosas, interessadas apenas em ganhar dinheiro e eliminar os trabalhadores que os ajudaram a construir seu sucesso e suas empresas", diz Dagget, que acrescenta: “Faremos todo o possível para salvar os nossos empregos”.

 Em 2018, o ILA assinou um contrato coletivo com a associação patronal da United States Maritime Alliance (USMX) para impedir o desenvolvimento da automação em troca, o ILA  se comprometi a manter os níveis de produtividade acima dos padrões garantidos pelas novas tecnologias.

 “Os trabalhadores representados pelo ILA nunca vão trabalhar com navio não tripulado a bordo”. As mesmas empresas que atualmente trabalham no desenvolvimento da automação de navios a bordo também planejam a possibilidade de automatizar o embarque e desembarque de mercadorias.

 “Continuaremos a negociar pela ausência de automação ou de equipamentos automatizados nos portos da ILA”, disse o presidente Daggett, “e solicitaremos a utilização de equipamentos semiautomáticos, que também são responsáveis pela eliminação gradual e progressiva de nossos empregos "

A ILA espera que todos os sindicatos marítimos dos Estados Unidos se juntem recusando-se a autorizar navios porta-contêineres autônomos. O objetivo principal é obter o apoio do International Dockworkers 'Council (IDC).

 Automação em cheque

Esqueça os terminais totalmente automatizados ou os guindastes portuários operados remotamente. Nos portos do estado de Washington, eles poderiam permanecer pura ficção científica. O governador Jay Inslee de fato baniu a automação. Fê-lo com uma lei que proíbe "distritos portuários e autoridades de desenvolvimento portuário" de destinar até um único centavo de dinheiro público para novas tecnologias.

 O Estado possui 75 distritos portuários, entidades municipais que podem ser definidas como entidades públicas económicas com autonomia económica e financeira, capazes de exercer, direta ou indiretamente, atividades empresariais para efeitos do desenvolvimento competitivo do território de referência. São realidades únicas no seu género, regidas por comissões responsáveis pela gestão ordinária e extraordinária dos recursos da Entidade, que recrutam diretamente pessoal para fazer face às necessidades operacionais dos portos.

 Embora focada apenas em Washington, a lei antecipa as negociações coletivas programadas para 2022 entre o Sindicato dos estivadores (International Longshore and Warehouse Union) ILWU e a Pacific Maritime Association, que representa os operadores portuários de todos os portos da costa oeste.

“As apostas são altas - afirma o presidente da ILWU, William Adams - Não há dúvida de que a automação tem como consequência implícita a redução progressiva de um número cada vez maior de trabalhadores”.

A automação tem sido o ponto da discórdia nas negociações entre as duas partes há vários anos. E o novo projeto de lei de Washington é revolucionário em si mesmo porque coloca o estado ao lado dos estivadores e da estabilidade da massa salarial na comunidade portuária, especialmente no que se refere aos problemas associados à transição para a indústria 4.0.

 A assinatura da lei foi saudada por membros do ILWU Local 19 em Seattle que, semanas atrás, lançou uma campanha para promover uma lei que impediria as máquinas de substituir estivadores nos portos de Tacoma e Seattle, que fazem parte do Noroeste.

 No entanto, se os operadores de terminais, que, portanto, são livres para escolher quais investimentos fazer em termos de  investirem são obrigados a cumprir a sua responsabilidade social de requalificar os estivadores para operarem as novas maquinas e para realizar a manutenção.

 Ainda estamos muito longe do risco de uma substituição 100% do trabalho humano pelo dos robôs na beira do cais. No entanto, a mudança de paradigma que afetou os portos nos últimos anos agora é visível: se o gigantismo naval, integrações verticais e horizontais, fusões e alianças entre companhias marítimas transformaram o panorama geral do lado do mar, a tecnologia está transformando a beira do cais.

 Um dos pontos essenciais no caso dos EUA foi estabelecer regras claras para garantir que a transição para as novas tecnologias seja justa e com responsabilidade social para os trabalhadores quanto para os contribuintes e a sociedade da comunidade portuária.

 O assunto é complexo e o debate continuará aberto, o trabalho portuário evoluiu ao longo das décadas e que os processos agilizaram as operações. Como o conceito “não à automação e digitalização sem barganha” . Slogan que busca uma forma a garantir que a inovação não seja implementada ao custo de empregos e da redução desta massa salarial. Nesse sentido, ainda há muito trabalho a ser feito porque as empresas querem impor a teoria do novo perfil ou da liberdade de mercado. E esta postura leva ao conflito.

Agora por parte dos estivadores que são eleitores, lutam para os ocupantes de cargos eletivos votem para  garantir que o financiamento público não seja usado na automação portuária, pois, investimentos públicos devem gerar empregos.

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