Um Porto possui imenso leque de entidades e empresas oriundas da atividade, como de transportes de carga, rodoviário e ferroviário, importadoras e exportadoras, despachos aduaneiros, gestores de mão-de-obra, analistas ambientais, órgãos governamentais nas instâncias municipais, estadual e federal, entre outras, e todas requerem especialização de seus profissionais. Com quase 9 mil pessoas empregadas, o Porto de Santos, movimenta mais de 70 milhões de toneladas por ano. Santos é considerado como o porto da indústria, da agroindústria e da agricultura do Estado de São Paulo e de grande parte das regiões Sudeste, Sul, Centro-oeste e do MERCOSUL, sendo visto como porto de negócios com projeções futuras também para o turismo. Conforme o Relatório da Pesquisa Porto-Universidade:
No setor portuário, com a Lei de Modernização dos Portos
nasceu a figura do trabalhador multifuncional para atender ao fenômeno da
reestruturação produtiva frente a mercados altamente competitivos e às novas
demandas de processos de produção. Trata-se do trabalhador que opera diferentes
equipamentos, com diferentes métodos e instrumentos, o que implica no aumento
da qualificação, incorporação e transferência de conhecimentos, trabalho em equipe,
auto-organização e participação, incluindo a questão do conteúdo inovador do
trabalho, abrindo espaços para a criatividade do trabalhador. Isso faz com que
a qualificação constante passe a fazer parte obrigatória da agenda dos
trabalhadores do setor.
Exatamente pela complexidade e quantidade de atividades
desenvolvidas para o transporte de mercadorias, a gestão portuária é composta
de diversos agentes que interagem.
Uma área promissora e privilegiada no que se refere à
possibilidade de aumento da oferta de empregos para os moradores da Baixada
Santista e Região Metropolitana não poderia ficar deficiente na demanda de
profissionais qualificados para desenvolver o setor, impulsionando o
crescimento e aparecendo ainda mais na economia nacional.
No Relatório da Pesquisa Porto-Universidade (IPAT, 2007)
explica-se como é formado o quadro de mão-de obra portuária subordinada aos
órgãos observados na visão sistêmica:
a) funcionários da Autoridade Portuária, associados ao
Sindicato SINDAPORT;
b) funcionários vinculados dos operadores portuários, e
terminais retroalfandegados, associados a SETTAPORT, ao SINTRAPORT e
SINDOGEESP;
c) trabalhadores portuários avulsos, associados ao
SINTRAPORT que passaram a condição de avulsos como os estivadores, conferentes,
vigias, motoristas (rodoviários), guindasteiros, consertadores e trabalhadores
de bloco.
a) A maior “base” potencial de trabalhadores é hoje formado
pelos operários em terminais portuários e afins, superando os estivadores;
b) Os Sindicatos que possuem grande número de associados
são, na ordem: Estivadores (6.300), SINTRAPORT (4.800), SINDAPORT (4.350) e
SETAPORT (4.000). Rodoviários, calcula que apenas 800 trabalhem em instalações
portuárias;
c) Chama a atenção o grande número de aposentados nos
“sindicatos tradicionais e históricos”. No Sindicato dos Estivadores,
Guindasteiros e da Administração Portuária, este grupo é maior que os
trabalhadores ativos; no SINTRAPORT representa 50% do total de ativos; entre os
conferentes, os aposentados representam quase 70%.
Conforme o Relatório da Pesquisa Porto-Universidade (IPAT,
2007):
A Lei 8.630/93, ao determinar a criação do OGMO, estabeleceu
que “no caso de vir a ser celebrado contrato, acordo, ou convenção coletiva de
trabalho entre trabalhadores e tomadores de serviços” o OGMO não intervirá “nas
relações entre capital e trabalho no porto” (conf. Lei 8.630/93, art. 18,
Parágrafo único). Ou seja, o OGMO não faz parte de qualquer dos processos de
negociação. No caso de contrato coletivo ou convenção, o debate e a definição
final dos termos cabem aos sindicatos de trabalhadores e aos sindicatos
patronais. A escolha dos trabalhadores para as “fainas” foram repassados para o
OGMO, que começou a exercer, efetivamente, suas atribuições administrativas, a
partir de 1996.
Mas, apesar de parcialmente superados, alguns conflitos e
divergências quanto à forma de escalação e processo de ingresso na categoria
permanecem até a atualidade. É responsabilidade atribuída ao OGMO, promover a
formação profissional e treinamento visando à multifuncionalidade dos
trabalhadores portuários. Porém, não há interesse do operador e, em investir na
qualificação do avulso, a não ser nos cursos básicos oferecidos pela Marinha,
justificando a necessidade de vinculação de empregados. Também foi mencionada a
necessidade de remunerar o trabalhador que passa por treinamento (OGMO, 2008).
No Relatório da Pesquisa Porto-Universidade (IPAT, 2007)
argumenta-se sobre a criação do Cenep e a criação de parcerias com centros de
capacitação profissional de outros portos do mundo, visando criar ofertas de
profissionalização das atividades portuárias a partir das necessidades que se
apresentam pelo novo formato das relações de trabalho no Porto a partir da ciência,
técnica e conhecimento da tecnologia. Nesse relatório, é citado que:
O Centro de Treinamento, portanto, estava previsto para ser
implantado há 14 anos, porém, até o momento não havia passado de intenção,
deixando a qualificação dos trabalhadores portuários por conta do OGMO, da
Marinha do Brasil e das próprias empresas operadoras, além de iniciativas
pontuais de universidades e outros institutos de qualificação distribuídos pela
região.
Recentemente, a Prefeitura de Santos, em parceria com o
Centro de Capacitação Profissional do Porto de Antuérpia (na Bélgica), e
diversos sindicatos, assinaram acordo para a criação do Centro de Excelência
Portuária, o CENEP e, com um grupo de trabalho, estuda sua estruturação e
definição de recursos para seu financiamento, contando também com recursos para
qualificação que hoje são administrados pelo DPC – Diretoria de Portos e Costas
da Marinha do Brasil.
Contudo, não basta somente à autoridade portuária oferecer
educação específica, é preciso analisar que cursos estão sendo realizados, para
quais profissionais e com qual enfoque, para conhecer o que ocorre na educação
da RMBS, de forma a identificar as implementações necessárias. A evolução da
capacitação na RMBS necessita da ativa participação das instituições de ensino
que maior proeminência possui na região. Destacam se, entre elas, a Unisantos,
Fundação Lusíada, Unimes, Unimonte, Unip, Unisanta, Fatec, que, certamente,
contribuem para a formação acadêmica da população local.
A promoção das modificações que as cidades, população e
atividades econômicas regionais necessitam, estão diretamente ligadas à
capacidade de interpretar tendências, desenvolverem projetos e mantê-los em
harmonia com as expectativas de crescimento da região que estas entidades
apresentarem, atribuições estas, inerentes a uma instituição de ensino.
O ENSINO TÉCNICO E SUPERIOR VOLTADO ÀS ATIVIDADES PORTUÁRIAS
E CORRELATAS NAS CIDADES DO PORTO DE SANTOS. Moacir Bispo dos Santos, Regina
Fujiko Tagava Nagamatu e Wladimir Martins. V Simpósio Internacional de Gestão
de Negócios em Ambiente Portuário Sustentabilidade de Negócios em Ambiente
Portuário de 8 a 10 de outubro de 2008 p 327-348.
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