20 de mar. de 2022

A luta dos bagrinhos espanhóis

 Após a Revelação do malabarismo portuário que ocorre no porto de BILBAO, mas que vergonhosamente também ocorre no porto de Santos, a atividade laboral passou a ser observada de modo mais objetivo e sistemático em virtude da responsabilidade social para que o estivador tenha a necessidade de sustentar um padrão digno a sua família. Os fatos ocorridos na área portuária em 2022, demostra a total despreocupação do estado com a dignidade social da cidade portuária, muito, pois, esta matéria não foi ensinada nas escolas para as crianças e adolescente, pois, não são anseios do mercado e das atividades econômicas.

 A mecanização do trabalho portuário, introduziu o modo de redução da mão de obra para o desenvolvimento dos métodos operacionais, se fosse somente isto não estaria os bagrinhos passando por isso. Agora devido uma nova dinâmica de acesso ao trabalho por pessoas de novo perfil, introduzido pelos operadores portuários e que fez com que o trabalhador perdesse progressivamente a sua dignidade, visto que a divisão do trabalho, introduzida pelo operador portuário, significou uma separação extrema entre as estivas existentes (bagre & socio), fragilizando a representação que o trabalhador tinha acerca de sua atividade, bem como do seu papel na sociedade da comunidade portuária.

 Desde a mudança pro, mercado da legislação trabalhista espanhola, convivemos com modalidades da precarização próprias da fase da flexibilidade atracada nos portos pelos patrocinadores dos políticos eleitos.

 A ganância do empregador e do atravessador logístico globalizado gera uma inconstância, ou seja, a "estabilidade da insegurança" tende a tornar-se modo de vida sub social. E combatendo esta politica empresarial que os bagrinhos de Bilbao foram as ruas na manhã de 12 de março de 2022, no porto de Santurtzi para exigir um futuro e vida profissional digna na estiva. Numa linda baforada contra a cruel decisão da empresa ITP de Barakaldo e Sestao .Por estarem vivendo sem direito a nada, sem horários e pendentes 24 horas por dia do celular, caso sejam chamados para trabalhar.

Infelizmente vivemos numa sociedade onde os empresários prometem riquezas e lucros, mas para os acionistas, as custas de vários números. Que nesse caso somos nós estivadores. Temos um jornalismo que já vendeu a alma ao diabo e todo dia reza para o mercado e somente se importam com os seus patrocinadores. Pois, qualquer movimento paredista e um flash de destaques e notas em primeiras páginas de quanto a nação perdera e as grandes empresas e isto e inaceitável, por se tratar de um grupo de privilegiados. Sabemos que a luta e árdua mais, sabemos de dignidade, pois, somente ganhamos quando trabalhamos, de lutar, de olhar para um objetivo, de lutar e perder o medo (às vezes, infelizmente esse último chega tarde, mas chega).

As palavras de um bagrinho

Querido diário,

Esta semana continuamos na mesma ou pior, ainda não fizemos 3 dias trabalhados este ano. A economia caseira fazendo malabarismo para passar os meses com pouco mais de 0€ e aproxima-se o dia 30 de março, no qual termina a moratória do governo com o tema dos contratos de dia. A empresa pagará a multa com os contratos de dia desta vez aludindo às circunstâncias da produção e continuará a dar-nos as sobras das sobras, enquanto o pessoal (os voluntários) exerce 2 turnos por dia. "Qui lo sa"?

Já não nos chamam aos 100, há quem não tenha podido denunciar por não entrar em parcelas e a empresa parou de lhes chamar, enfim, são estrategistas e estão montando muito bem. Imagino-os com um quadro branco, um grande escritório de especialistas na matéria e dizendo "se fizerem isto vamos por aqui e se fizerem isto outro apertamo-los aqui... ” o que você vai fazer com ele... Nós somos trabalhadores e eles... É melhor eu guardar isso.

Falando em "salvar", essa semana vamos tentar pedir uma reunião com o gerente do CPE. Tentamos há algumas semanas com a presidente e o gerente, mas não obtivemos resposta. Vamos tentar de novo, ele não está pela frente. No seu Linkedin diz que ele é um liquidatário de empresas, eu mais quero pensar que ele está para fazer as coisas direito e que os bagrinhos somos uma mancha em um possível currículo brilhante. Conversar se entende as pessoas ou assim dizem.

O correio dizia que "o porto perde a vida num acordo com a estiva" mas de 15 em 15 dias as reuniões com os sindicatos vejo que os únicos que estão com pressa para ver a luz no fim do túnel são os que estão em casa sem Trabalho/orçamento/cobrança.

Pouco mais tinta me cabe na caneta, terei que ir mendigar alguma coisa.

Ou

Querido diário,

Outro dia prometi escrever continuamente, mas estou me sentindo tão confuso, tão perplexo com os últimos acontecimentos que, nos meus piores pesadelos, eu teria imaginado.

Desde o início da greve em 9 de outubro de 2020 até hoje 9 de março de 2022 sendo frívolo parece que jogas ganso de 9 a 9 e tiro porque me toca... mas o que toca é que apenas 87 jornadas em 414 dias.

Eles nos chamam de o futuro da estiva (. ) nos chamando. Alguma empresária depois de mais de 14 anos comendo as sobras do pessoal fixo se atreve a dizer que a Ett está envelhecida... Enfim, coisas que precisam ser ouvidas...

Hoje em dia a realidade é que na semana passada fomos levados a trabalhar 17 privilegiados que este mês depois de mais de 60 dias em casa levaremos uma diária para tentar pagar as compras, o aluguel, algum gasto desses que não Parão de subir... já só nos falta ouvir que, devido à crise que se aproxima, não há lugar para nós no pessoal. Não é por estar curado de espanto, mas seria a nossa 4a crise na casa do bagre (a do tijolo, Covid, a "greve" (🤔) e agora a guerra com a Rússia ) para nós não há ERTEs. No caminho a lista em vermelho, não só de falta de pessoal Exatamente.

Acho que alguém mais lê o meu diário porque já não aparecem barcos sem trabalhar, mas sim um monte de gente que diz ser de esquerda trabalhando dois dias no mesmo dia. Será que a empresa tem poupado em segurança social todos estes anos porque os tempos difíceis estão por vir...

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