21 de mai. de 2022

Diario de um Bagrinho de BILBO

 Os bagrinhos foram punidos sem qualquer hesitação pelo gestor. Devo dizer que da equipe permanente, há muito pouco apoio que recebemos em todo esse tempo. Psicologicamente, isso cobra seu preço.

Fomos transferidos para o vagão das demandas na "negociação", mesmo para o socio não existimos mais. É triste e difícil ver como depois de mais de 14 ANOS (os melhores anos da vida profissional de um trabalhador) te jogam no lixo sem consideração.

A culpa agora recai sobre os bagrinhos que fazem as Tarefas Complementares. Você pode ou não concordar em ir trabalhar dessa forma (escravidão 3.0), mas o que não entendemos é porque os sindicatos não acabam com a exploração do trabalho.

O problema já vem de muito tempo, há pelo menos 14 ANOS, sem nenhuma chamada, e olha, as pessoas se aposentaram, as pessoas estão se aposentando e as pessoas vão se aposentar. A estratégia é clara, não é?... Bagrinho para a vida.

Devo dizer que a culpa não é só da empresa, temos um conselho de trabalhadores inativo, inerte, que não funciona como tal, que não limita o desejo voraz de exploração laboral por parte dos empregadores.

Ele nos deixou sozinhos diante dos leões. Para o atual gerente de Bilboestiba, que não quis nos receber, somos pessoal externo, quando durante a pandemia nos classificaram como pessoal essencial para o nosso trabalho, é curioso.

Somos uns poucos bagrinhos que seguem em frente, os que não desistem. E ainda por cima somos catalogados como se estivéssemos indo contra o porto.

Amanhã, quando seus filhos forem explorados no trabalho e tiverem colegas que olham para o outro lado, eles se lembrarão disso...

O orgulho de classe não é herdado e guardado na gaveta, você tem que dar vida continuamente, você tem que lutar por ele todos os dias... Cinco dias de trabalho até agora este ano...

1𝟰 𝗮𝗻̃𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝗳𝗮𝗹𝘀𝗮𝘀 𝗲𝘀𝗽𝗲𝗿𝗮𝗻𝘇𝗮𝘀, de tantas frases vazias e de insegurança no trabalho (com tudo o que engloba essas duas malditas palavras), levaram para o cais. Esse mesmo porto que viu duas gerações de estivadores de sua família, onde um deles também morreu trabalhando.

Hoje, cansado de esperar, procura um futuro melhor para a família no ferro-velho da Marinha... Ainda que sempre, de olho no porto.

A turma “Eu apoio os estivadores”, composta por estivadores eventuais do porto de Bilbau, tem uma reunião marcada para 24 de maio em Vitória pela Comissão de Emprego e Trabalho do Parlamento Basco. Neste encontro, como explicaram, pretendem “divulgar a precariedade, trajetória e situação atual dos estivadores temporários”.

 Somos de opinião que a empresa está realizando negociações com uma atitude muito bem construída para criar um clima de desestabilização e confronto entre os estivadores da CPE e os bagrinhos. Nesse sentido, para o porto tem sido essenciais em tempos de pandemia e agora somos invisíveis.

Da mesma forma, foram omitidos das negociações, quando nos colocaram na ponta de lança e quase o principal argumento para o início das mobilizações.

Sem contar que há uma norma sobre a categoria de trabalhado na CPE em que a central de emprego portuário faz alusão a rebaixar os próprios estivadores por categoria em vez de redimensionar o quadro de mão de obra.

Apesar de as reformas trabalhistas estarem sendo feitas, "os portos são intocáveis" e continuam fazendo e desfazendo ao capricho das empresas de estiva, como se estivessem à margem da lei e sem obrigação social. Estamos nessa situação de precariedade há pelo menos 15 anos ou, como dizem os acórdãos do Superior Tribunal de Justiça do País Basco, em contratação em fraude à lei”. No entanto, “sabemos que há bagrinhos no Estado com mais de 25 anos de antiguidade e isso é algo que não deveria ser permitido”.

Os atingidos lamentam a visão neoliberal dos gestores portuários, que hoje não dão uma solução para que os bagrinhos possam ingressar na força de trabalho permanente e "ter uma vida de trabalho digna".

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