Riscos ocupacionais são ameaças potenciais à vida ou à saúde dos trabalhadores, decorrentes de elementos e condições do ambiente de trabalho na organização, ritmo de execução, ambiente físico, equipamentos e ferramentas utilizadas para o procedimento operacional em diversas cargas. O ambiente de trabalho portuário sempre apresentou variados riscos à saúde e a vida dos trabalhadores, sobretudo dos estivadores (Queiróz, 2019 e 2020) e esses riscos se agravaram com a chamada modernização dos portos.
A operação portuária, tem exigências de produtividade e os
avanços tecnológicos agilizaram as operações. Realizando uma metamorfose na
organização do trabalho portuário, tornado o ambiente numa operação, sem parar
afetando diretamente as condições dos trabalhadores nos portos.
Com a redução dos postos de trabalho, inclusão, extinção e
acúmulo de funções e aumento do ritmo de trabalho. O governo federal com
auxílio do Reporto e do BNDES ajudou os operadores portuários com elevados
investimentos para aquisição de equipamentos portuários destinados à
movimentação de cargas.
O processo de modernização acelerou a fadiga e os desgastes
físicos, apesar desta aceleração os valores da tradição e o significado de
pertencimento que fazem sentido entre os estivadores continuaram com o
aposentado ensinando o bagrinho. O mais experiente passando seu Know how para o
mais novo e somaram a este conhecimento a competências cientificas repassadas
pelo aprendizado do ensino profissional marítimo da Marinha do Brasil. As
relações foram modificadas por informações em tempo real da digitalização que
da, uma certa insegurança no trabalho, pois, muitas vezes, não se conhece os
integrantes da equipe com os quais se está escalado para trabalhar, o que pode
comprometer um trabalho coletivo, ocasionando acidentes, mesmo tendo reduzido
alguns riscos à saúde do trabalhador, devido às inovações tecnológicas, trouxe
outros riscos ocupacionais e agravos à saúde e nesse entendimento já escreveram
os pesquisadores, Aguiar, Cavalcante e Diéguez. Por estar demonstrando o
ambiente profissional onde o trabalho e realizado com muito desgaste, pois,
exige grande concentração e preocupação com a carga, a rota de fuga, o ambiente
e, principalmente, com o parceiro do terno.
O avanço tecnológico da modernização portuária, trouxe ao
ambiente, novos ritmos que coloca os trabalhadores a presença de ruídos e de
vibrações de máquinas; exposição à intempérie, temperaturas extremas,
substâncias químicas no ar, substâncias químicas líquidas; ferramentas de
trabalho inadequadas; componentes das equipes de trabalho em número abaixo do
ideal; ritmo de trabalho elevado; condições físicas inadequadas do terminal
portuário; objetos suspensos; trabalho em altura; tráfego de máquinas e escadas
de acesso às embarcações. Então não e uma ficção cientifica nem uma utopia
alegar que o trabalho portuário é realizado em um contexto insalubre e
perigoso, onde interagem velhos e novos riscos e que, para além dos riscos, os
vários ambientes diferentes de trabalho geram incertezas e insegurança para o
trabalhador.
Para Fabiano (2010),
os avanços tecnológicos da modernização portuária, podem levar a melhorias na
produtividade e nas questões de saúde e segurança, mas não necessariamente
simultaneamente.
A partir da promulgação da Lei dos portos n° 12815, de
2013, várias mudanças foram promovidas nos portos brasileiros, competitividade,
redução no número de estivadores e acúmulo de funções com a vinculação do
trabalhador portuário avulso.
Apesar de estar em 2023 o estivador, continua sendo o
sujeito vulnerável aos acidentes do trabalho e às doenças ocupacionais pela
exposição aos fatores de risco à saúde, à higiene e à segurança. O chamado
risco portuário que é uma realidade para a família do trabalhador, mas uma
utopia para os funcionários públicos do judiciário brasileiro. Nesse contexto,
os operadores portuários seguem a risca o cumprimento das normas de saúde e
segurança no trabalho portuário? Ou as condições do meio ambiente do trabalho
nos Portos geram o aparecimento de doenças ocupacionais nos estivadores apesar
da modernização?
Para NUNES( 2022) Neste ambiente de constante exposição a riscos, é
fundamental a efetivação de planos de prevenção de acidentes e de educação dos
trabalhadores. Nessa temática, apresenta-se na
literatura a evidência de problemas de saúde dos estivadores e TPAs
surgidas devido a fatores determinantes de adoecimento contidos no trabalho,
tais como os distúrbios musculoesqueléticos, a fadiga, os problemas articulares
(hérnia de disco e desgastes na articulação do joelho) e metabólicos (diabetes
e hipertensão arterial) (ALMEIDA; CEZARVAZ, 2016; QUEIRÓZ; POLETTO, 2015;
MOTTER; SANTOS; GUIMARÃES, 2015; ALMEIDA et al., 2012; CAVALCANTE, 2005).
Para Nunes “É muito comum, atualmente, o jogo do
empurra-empurra no ambiente portuário. Se algo dá errado, apontam o dedo para o
estivador. Na hora da glória, o recorde é do terminal e da autoridade
portuária. E o estivador, que estivador, aqui tem somente é operador de bordo.
No entanto, como resultado a qualquer custo, esta, proibido o porte de celular
ou de qualquer meio de gravar imagens. De modo análogo, avarias e as quedas
continuam e trabalhadores acidentados com nível moderado são levados aos
hospitais. Nesta sociedade ao largo da comunidade portuária só aparece na cena pública
o acidente, quando o trabalhador exerce o direito de reivindicação, nessa
acepção, as formas de comunicação são contravenções, explícita às leis que
regulam o perfil dos colaboradores do mercado”.
De fato, há única automatização e da velocidade da
informação, por isso o guarda celular. Uma imagem vale mais que mil palavras.
Num porto onde o seguro é para a carga e não para o ser humano. E parte da
renda que circulava na mão do trabalhador há alguns anos hoje garante a
existência de belos eventos que dizem que esta realidade “E COISA DO PASSADO,
pois, a modernização chegou”. Aonde é a pergunta dos trabalhadores.
FABIANO, B., Curró, F., REVERBERi, A. P., & PASTORINO,
R. (2010). Port safety and the container revolution: a statistical study on
human factor and occupational acidentes over the long period. Safety Science,
48(8), 980-990. doi:10.1016/j.ssci.2009.08.007
Nunes, J, R, S; Formação dos estivadores do Porto de Santos no processo de modernização portuária /; Orientadora Maria de Fátima Ferreira de Queiroz. -- Santos, 2022. 222 p. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado Profissional - Pós-Graduação Ensino em Ciências da Saúde), Universidade Federal de São Paulo
QUEIRÓZ, M. F. F. (2019). O trabalho na movimentação de
contentores: Implicações na saúde dos estivadores portugueses. In: R. Varella
(Coord.), “Dont fuck my job”: As lutas dos estivadores: uma perspectiva global.
Edições Húmus.
QUEIRÓZ, M.F.F., AREOSA, J., LARA, R., & GONÇALVES, F.
(2020). Estivadores portugueses: Organização do trabalho e acidentes. Laborare,
3(5), 7-28.
SOARES, J. F. S., CEZAR-VAZ, M. R., MENDONZA-SASSI, R. A.,
ALMEIDA, T. L., MUCCILLOBAISCH, A.L., SOARES, M. C. F., & COSTA, V. Z.
(2008). Percepção dos trabalhadores avulsos sobre os riscos ocupacionais no
porto do Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. Cadernos de Saúde Pública,
24(6),1251-1259.
Nenhum comentário:
Postar um comentário