Trabalhador
portuário, “peça” esquecida no sistema
Enquanto cada vez mais as empresas,
mesmo no Brasil,
valorizam seu “patrimônio humano”, que consideram ser a
garantia de seu futuro,
os portos nacionais fazem justamente o contrário:
não
promovem o treinamento dos trabalhadores, não oferecem condições mínimas de
segurança no trabalho, ou mesmo instalações adequadas às necessidades dos
trabalhadores.
Em sua palestra, Dina da Luz Monteiro e
Aguiar,
presidente do Instituto Nacional de Desenvolvimento Portuário Indep,
foi bastante contundente, ao mostrar o problema.
Lembrou que os cursos para
treinamento de portuários, por exemplo, dão conhecimento teórico,mas o aluno
não tem a prática necessária para manobrar um transtêiner
e outros equipamentos
mais sofisticados porque o empresário tem medo de entregar equipamentos caros
nas mãos dos alunos.
Ao mesmo tempo, não investe na aquisição de simuladores.
A
falta de preparo dos trabalhadores gera acidentes graves, com prejuízos para as
empresas, e até mesmo no controle da poluição ambiental, o despreparo do
trabalhador está na raiz de casos de poluição (uma válvula aberta por engano,
gerando uma mancha de óleo, por exemplo) que resultam em elevadas multas e
indenizações,
Outro grave problema é a segurança no
trabalho:
“Não há segurança do trabalho nos portos, ela não integra o plano de
negócio das empresas, só como obrigação legal. Perde-se com isso qualidade de
vida, e o primeiro efeito disso é na saúde, então o trabalhador sofre e se
revolta. Isso prejudica muito as relações entre Capital e Trabalho no ambiente
portuário”.
As condições de trabalho nos portos são
péssimas, sendo elevados os casos de tuberculose e de pressão arterial elevada; o treinamento deficiente; os conflitos interpessoais
(nem sempre todos concordam
em paralisar uma operação com elevados riscos pessoais, pois precisam daquele
ganho, mesmo correndo grande risco).
Formam-se máfias (lideranças negativas)
para manobrar o trabalho, e é dentro dos Ogmo’s que tais conflitos são
evidenciados.
A falta de proteção do INSS para os
trabalhadores que atuam sem registro na área portuária (“carteirões”, na gíria
do Rio, ou “bagrinhos”, na forma santista).
O passivo ambiental é usado
politicamente contra o empregador, gerando conflitos.
“Não há outro lugar onde a notícia
corra mais no boca-a-boca entre os trabalhadores que no porto. Se ocorre um
acidente com morte, em instantes a história se espalha e a comoção resultante
faz o rendimento do trabalho ser reduzido em todo o porto, nesse dia e nos
subseqüentes”, disse ela.
Uma crítica à lei 8.630/93, de
modernização dos portos, se refere à inabilidade dos legisladores, que tiraram
dos trabalhadores os seus sindicatos e no lugar colocaram o Ogmo, que passou a
ser visto como um inimigo, a serviço das empresas.
Dados de uma pesquisa feita no
porto do Rio de Janeiro entre trabalhadores e lideranças do setor.
Ali, o porto
é considerado uma área de extrema negatividade perante a família, que não o
conhece, não entende seu funcionamento, por ser impedida de entrar nesse
ambiente,
e isso é uma fonte de problemas familiares.
O trabalhador tem plena consciência dos
riscos que corre e dos problemas de saúde que seu trabalho acarreta, mas ignora
propositalmente essas questões, por ter de garantir ali o seu ganha-pão.
Evita
as consultas médicas, que evidenciariam problemas de estresse e o obrigariam a
reduzir o ritmo de trabalho, conseqüentemente o seu rendimento.
Enfrenta o
risco de manipular de forma inadequada certas cargas perigosas, pela mesma
razão. A média de idade é alta, há trabalhadores no cais com 81 anos de idade e sem a aposentadoria especial do INSS.
“Os trabalhadores do OGMO não recebem
equipamentos adequados, pois são caros e os empresários temem que os
trabalhadores avulsos poderiam vendê-los.
Na mesma função, um funcionário de um
terminal no retroporto usa equipamentos mais adequados que os trabalhadores avulsos",
citou Dina.
"Poderíamos fazer a revitalização
dos portos com o emprego dos TPAs, dando-lhes assim um novo mercado de
trabalho", lembrou, dizendo ser necessário criar condições de fixar a
mão-de-obra portuária, pois as péssimas condições estão afastando esse pessoal para outras atividades e nos próximos anos os portos terão problemas com a
falta de gente para o trabalho no cais.
E a reabilitação profissional é a
principal falha (por ausência) da lei 8.630.
É preciso mudar a cultura no cais,
estabelecendo novos valores, hábitos e procedimentos, com a implantação de
estruturas de segurança, saúde, treinamento, em ambiente de qualidade total –
essa é uma reivindicação de todos os participantes da pesquisa.
Fonte http://portogente.com.br/noticias/transporte-logistica/radar-portuario/trabalhador-portuario-peca-esquecida-no-sistema-10617
Muitos anos após o debate do
painel quais foram as mudanças
para o crescimento do tpa na comunidade portuária.
Quando sera implantada as normas e convenções que favorecem os trabalhadores portuarios a exemplo da Convenção 137 ,Resolução 145 da Organização Internacional do Trabalho OIT e os Artigos das leis brasileiras .
Quando sera implantada as normas e convenções que favorecem os trabalhadores portuarios a exemplo da Convenção 137 ,Resolução 145 da Organização Internacional do Trabalho OIT e os Artigos das leis brasileiras .

Ótimo texto!
ResponderExcluirTriste realidade!
E onde estão os representantes sindicais para brigar por isso?
Tenho certeza que todos estão brigando, mas o apelo do poder econômico sempre fala mais alto!
Ainda acredito que as coisas melhorarão!
Parabéns pelo texto!
Silvio Menezes
Rio Grande - RS.